Mais uma sexta chegou, e o final de semana já está a aporta.
Hoje iremos falar um pouco sobre como eram feitas as moedas antigamente.
Você meu amigo, colega numismata, colecionador, juntador ou apenas curioso já se perguntou como elas eram feitas?
Algumas pessoas ignoram este processo, não achando importante.
Sempre gostei e me interessei de saber os porquês, resolvi compartilhar esse artigo entorno das moedas, que nos fornece informações sobre a qualidade das pessoas que as produz, e sobre o estágio tecnológico do país.
Uma moeda não é apenas um pedacinho de metal com alguns hieróglifos, mas um personagem da história. Um personagem da história tão extenso que seriam necessárias milhares de páginas para relatar tudo o que ela passou.
Esse artigo é apenas uma pincelada rápida sobre o processo de cunhagem das moedas.
Caso tenha mais curiosidade de saber sobre a história de cada moeda, clique aqui e descubra.
A história da cunhagem de moedas está muito ligada com a evolução dos métodos produtivos e das técnicas de metalurgia.
Foi na Lídia, atual Turquia, durante o reinado de Creso, que apareceram as primeiras moedas, pelo menos segundo a mais aceita teoria monetária conhecida.
No início as moedas eram cunhadas de forma artesanal, para realizar a operação o desenho a ser utilizado era gravado de forma "espelhada", em baixo relevo em uma bigorna. Em seguida o disco de metal, previamente aquecido, era pressionado sobre esta gravação com o auxilio de um punção, onde se aplicava a pressão necessária com um martelo, transferindo assim o desenho do cunho para o metal. Este processo produzia moedas com um desenho gravado em apenas uma das faces.
Esse método é conhecido como batida
A batida permitia a obtenção de moedas de pequenas dimensões, em grande número, e com um elevado detalhe dos relevos, em troca de um escasso espessor, dado que os detalhes devem ser retirados da própria espessura do disco virgem e a impressão do cunho não consente grandes variações de cota e aumento dos relevos.
A cunhagem da moeda necessita de uma série de operações, da realização do cunho à preparação dos discos; do corte destes à cunhagem e aos detalhes e ajustes finais, que requerem um ciclo industrial refinado e evoluído.
Não se pode prescindir do conhecimento e maestria da produção e uso do aço, por exemplo, dado que somente com um cunho mais duro do que o material do disco a ser cunhado, se obtém a impressão da figura a relevo na moeda.
Para cunhar moedas é portanto necessária a presença contemporânea de diversos trabalhadores e artesãos (mineradores, fusionistas e metalúrgicos, incisores, polidores, etc); portanto, um elevado nível de civilidade e tecnologia.
Essencialmente, para realizar uma moeda, desde a antiguidade até os nossos dias, a grosso modo podemos dizer que foram utilizados dois processos, a batida por golpe ou pressão e a fusão.
1 - Realização do cunho
Na ponta de um cilindro de ferro, do diâmetro da moeda que se quer realizar, vem confeccionada, com um buril nas mãos de um artesão altamente especializado, a figura que se quer cunhar na moeda. Tal figura vem incisa ao contrário, em negativo (é como se pegássemos uma moeda e olhássemos sua imagem refletida num espelho). Além disso, desejando que o relevo seja invertido, é necessário realizar o cunho em relevo. Por outro lado, quando se deseja que os detalhes da moeda estejam em alto relevo, se deve “cavar” no cunho.
Obviamente, sendo uma moeda composta por duas faces, se devem realizar dois cunhos, que são usados contemporaneamente. Caso fossem usados em batidas separadas, a segunda apagaria ou arruinaria a primeira. Uma vez realizados os cunhos, vinham temperados para que fossem mais duros que o metal a ser cunhado.
2 - Preparação dos discos para as moedas
Os metais eram essencialmente a prata, algumas vezes o ouro, o cobre, ou mesmo algumas ligas metálicas, entre as quais o electro (cobre + prata), e outras ligas de baixo teor de prata ou ouro.
O metal, ou o material obtido com a liga metálica que se queria utilizar, vinha antes pesado e depois derretido, à temperaturas que superavam os 1000° C. Para realizar tal operação, era necessária uma Casa de Fundição muito eficiente.
Depois de fundido, o metal era versado em estampilhas, a fim de se obter chapas lisas de metal. A este ponto, com sucessivos reaquecimentos e potentes golpes de martelo, se reduziam as chapas à lâminas do espessor desejado. Essas lâminas eram posteriormente cortadas em discos da dimensão da moeda que se pretendia realizar. A operação era feita com tesourões, e o acabamento era realizado com o auxílio de uma lima para se obter uma forma mais ou menos regular. Obviamente todas as limagens e rebarbas eram recuperadas para serem posteriormente fundidas e reutilizadas.
3 - Cunhagem da moeda
Colocando um disco entre as duas superficies dos cunhos (a base apoiada em uma bigorna, e a “cabeça” em cima do disco) com um preciso golpe de martelo sobre os mesmos, a moeda recebia a sua estampa em ambos os lados. Se fosse necessário, ao final dessa operação, com a moeda já estampada, o disco poderia ser limado um pouco mais para eliminar imperfeições.
Existe também a técnica da impressão, com o disco colocado em baixo de uma prensa a torque, ao qual é aplicado o cunho. Assim, por pressão, se realiza a moeda. É um pouco mais lenta, porém mais eficaz, e vem usada em tardo período.
4 - Limar e pesar
A moeda poderia ser retocada com um banho de vinagre e sal, a fim de torná-la mais lúcida e vistosa, além de remover a eventual oxidação. Era posteriormente pesada e controlada por um responsável da Casa da Moeda, que certificava a pureza e a contagem da produção.
Esses processos foram melhorados com o tempo, graças à invenção de diversos tipos de máquinas e ferramentas. Um dos tipos mais notáveis foi o criado no século XVI, com a invenção do balancim (figura ao lado), também chamado de prensa de parafuso ou rosca.
Eram dos mais variados tamanhos, para cunhar das menores moedas até os grandes patacões. Aos poucos esse “engenho” foi sendo adotado por todas as Casas da Moeda europeias e do Novo Mundo. Com exceção das moedas batidas pelos holandeses no Recife, as primeiras moedas cunhadas em solo brasileiro, a partir da abertura da Casa da Moeda da Bahia, em Salvador, em 1694, foram feitas com este tipo de cunhagem conhecida como mecânica.
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Uma outra técnica utilizada para cunhar as moedas era a Fusão
Esta técnica consiste em aquecer até fundir o metal ou a liga que se quer cunhar, e posteriormente derramá-lo em formas ocas que contém o desenho inciso. Quando o metal esfria, abre-se a forma e se destacam as moedas; uma passagem a mais consiste na lima, que permite corrigir imperfeições.
Tanto o Aes Signatum quanto o Aes Grave eram obtidos derramando cobre fundido em formas pré-moldadas.
Mesmo diante de alguns inconvenientes, a técnica da fusão apresentava diversas vantagens: era rápida, não requeria mão de obra altamente especializada e permitia saltar a fase preparatória dos cunhos, muito longa. Por outro lado as moedas fundidas apresentavam desvantagens: tinham pesos variáveis, apresentavam relevos atenuados e poucos claros e, o problema mais sério, eram facilmente falsificáveis.
Além disso, uma vez que a moeda esfria-se, seria impossível corrigir eventuais desproporções, como o peso.
A escolha desta singular técnica, sem dúvida um tanto quanto primitiva, derivava do fato que as moedas de grande dimensões (uma ou mais libras) não se podiam obter com a técnica da cunhagem. Além disso, acreditamos que o espírito pragmático dos romanos preferisse uma produção simples, sem muitas “firulas”, por assim dizer “viril” devido a uma cultura muito particular daquele período
O Aes Signatum era fundido em moldes singulares, podendo ter formas diversas. O modelo mais simples consistia em duas válvulas unidas, nas quais vinha derramado o metal fundido em formas sobrepostas verticalmente, uma sobre a outra, de modo que o metal fundido enchesse todos os moldes passando por apósitos canais entre as formas.
O bloco era mantido em vertical, enquanto o cobre fundido, versado do alto, atravessava todas as formas enchendo-as a partir daquela mais baixa. Quando o metal esfriava, abria-se a forma e as moedas eram destacadas, umas das outras, com o auxílio de tesourões.
A marca tangível dessa técnica é a presença de dois ligamentos de fusão a 180° na borda da moeda: um para o ingresso do metal fundido, o outro para a sua saída até encher. Frequentemente esses cortes eram rudes e deturpavam o bordo da moeda. Um outro método previa uma forma a cacho, com as moedas dispostas como uvas em um ramo. Em tal caso, observa-se somente um ligamento de fusão na moeda
As formas, reutilizadas diversas vezes, eram feitas em pedra tenra (arenária) ou em terracota. A forma em terracota, muito mais fácil de modelar, podia queimar devido às sucessivas fusões, produzir erosão nas superfícies e portanto gerar moedas com peso alterado. Por outro lado, formas em terracota, mesmo quando vinham usadas na produção de singulares moedas como estampa, produziam exemplares abaixo do peso legal, devido ao fenômeno de redução de volume do metal na passagem do estado fluido ao sólido. Acontecia algumas vezes que as duas válvulas das formas não se encaixassem perfeitamente, gerando moedas com os dois lados defasados, não perfeitamente sobrepostos.
Dada a técnica de produção, não raramente se vêem na superficie das moedas furos devidos às bolhas “armadilhadas” no cobre fundido. Os traços das moedas fundidas são grosseiros, e apesar de privadas de detalhes, execre grande fascínio nos numismatas. Os relevos, especialmente dos nominais de maior peso, eram muito altos. Completivamente eram moedas imponentes, feitas para impressionar, um lógico corolário à austera cultura da Roma republicana.
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Não perca o próximo post.
Iremos falar um pouco sobre os metais utilizados na cunhagem das moedas.
Excelente post! Parabéns! =)
ResponderExcluirVery Useful Information thanks alot for sharing information.
ResponderExcluirRegards,
V. Siva Manohar Reddy,
sivamanohar.coins2012@gmail.com,
Mob: +91 950 263 95 86.
Muito interessante.
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