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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Os metais na cunhagem das moedas

No post anterior falamos como as moedas eram cunhadas antigamente.

Hoje iremos falar um pouco sobre o material utilizado.

Com o passar do tempo, os metais preciosos passaram a sobressair por terem uma aceitação mais geral e uma oferta mais limitada, o que lhes garantia um preço estável e alto. Além disso, não se desgastavam, facilmente reconhecidos, divisíveis e leves. Entretanto, havia o problema da pesagem.

Os primeiros metais utilizados como moeda foram o cobre, o bronze e, notadamente, o ferro. Por serem, ainda, muito abundantes, não conseguiam cumprir uma função essencial da moeda que é servir como reserva de valor. Dessa maneira, os metais não nobres foram sendo substituídos pelo ouro e pela prata, metais raros e de aceitação histórica e mundial.

Os benefícios resultantes da utilização das moedas metálicas propagaram-se rapidamente pela Grécia Continental, pela costa ocidental da Ásia Menor e pela ampla faixa litorânea da Macedônia. Com efeito, quase todas as antigas civilizações compreenderam desde logo a importância da moeda e entenderam que os metais reuniam importantes características para serem utilizados como instrumentos monetários. Tal como Adam Smith registrou, eles compreenderam que os metais, em sua maior parte, eram raros, duráveis, fracionáveis e homogêneos. E ainda apresentavam um grande valor para um pequeno peso. Essas características impuseram-se, na expressão de Smith, como razões irresistíveis, constituídas por qualidades econômicas e físicas, que acabaram por conduzir os metais (sobretudo os preciosos) à posição de agentes monetários preferenciais.

Em conseqüência dessas alterações, como ainda mantivessem fixos os valores legais estabelecidos entre os dois metais, as moedas de ouro tenderiam a desaparecer. Como ainda era garantido por lei o poder liberatório das moedas de ouro e de prata, os devedores, podendo escolher, preferiam pagar os seus credores com a moeda de mais baixo valor intrínseco, conservando em seu poder a outra. Com isso, as moedas de ouro passaram a ser entesouradas, vendidas a peso ou exportadas. Esse fenômeno passaria a ser conhecido como Lei de Gresham – um financista inglês da época, ao qual é atribuída a seguinte observação: Quando duas moedas, ligadas por uma relação legal de valor, circulam ao mesmo tempo dentro de um país, aquela que possui um valor intrínseco maior tende a desaparecer, prevalecendo para fins monetários a que tem um valor intrínseco menor. Em termos mais simples: A moeda má expulsa a boa.

Não admira que o ouro se tornasse progressivamente o metal mais apreciado, quer nas moedas, quer na joalharia, dada a sua estabilidade e, principalmente, a sua grande beleza. Na verdade, torna-se difícil perante algumas moedas dizer se se trata de uma moeda ou de uma jóia, omo é o caso da belíssima Peça de D. João VI, de 1822, de ouro de 917 milésimas. Aliás, é bem conhecida a prática de usar moedas de ouro em jóias diversas.

  

Durante muitos séculos os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a prata e o cobre para os valores menores. Estes sistemas se mantiveram até o final do século dezenove, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras ligas metálicas passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular pelo seu valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, que independe do metal nela contido.

No Brasil, a primeira moeda de ouro genuinamente brasileira foi fabricada pelos holandeses durante o período de ocupação. Conhecidas como obsidionais, estas moedas foram cunhadas nos valores de III; VI e XII Florins, nos anos de 1645 e 1646.





Os Florins, não tinham fundamentação legal, eram moedas emergenciais chamadas obsidionais. Cunhadas no Brasil, pelos holandeses, durante ocupação de Pernambuco.

Na primeira metade do século XVIII, a elevada produção de ouro possibilitou o funcionamento simultâneo de três casas da moeda e a cunhagem de grande quantidade de peças, cujos valores e beleza testemunham a opulência que caracterizou o período do reinado de D. João V (1706-1750).

O estabelecimento de uma Casa da Moeda em Minas Gerais foi determinado em 1720, quando foi proibida a circulação do ouro em pó dentro da capitania. Além de moedas iguais às cunhadas no Reino, no Rio e na Bahia, a nova Casa da Moeda deveria fabricar outras com valores nominais de 20.000 e 10.000 réis, que circulariam com os valores de 24.000 e 12.000 réis, respectivamente. Instalada em Vila Rica, a Casa da Moeda de Minas funcionou no período de 1725 a 1734.

Foi nessa época que foram cunhadas as moedas da série conhecida como “DOBRÕES”, sendo a de 20.000 réis - datas 1724 (a mais rara), 1725, 1726 e 1727 - a mais pesada (53,78 gr) e uma das mais belas moedas brasileiras jamais cunhadas.

Apesar da superioridade do ouro, a prata não deixa de ser um metal muito belo e apreciado, que permite obter resultados magníficos, como é o caso desta moeda de 960 réis do Brasil português de 1814, de prata de 896 milésimas.

Note-se, entretanto, o amarelecimento do anverso devido à oxidação superficial.



Nas últimas décadas, as autoridades monetárias têm multiplicado esforços para seduzir os colecionadores de moedas, produzindo espécimes em metais nobres menos usados como é o caso da platina e do paládio.

O paládio, para além das suas aplicações industriais como catalizador de reações de hidrogenação e desidrogenação, é também utilizado em joalharia em ligas com outros elementos (por exemplo, o chamado ouro branco é uma liga de ouro e paládio).

O cobre, o alumínio e o níquel são de extensa utilização. O zinco foi especialmente utilizado durante as Guerra Mundiais, devido, certamente, à carência de outros metais necessários ao esforço de guerra. O estanho é tão raramente usado, que apenas conheço a moeda ilustrada.

Finalmente, o ferro é também de uso muito raro, que eu saiba apenas durante as Guerras, como é o caso da nossa moeda de 2 centavos, de 1918.



Mas, mesmo quando se pretende fabricar uma moeda de um só elemento, a verdade é que o resultado é sempre uma liga. Por outro lado, de há muito que o Homem compreendeu as vantagens de vária ordem das ligas metálicas. Não admira, pois, que muitas ligas metálicas sejam utilizadas para fabricar moedas. Tantas que as pessoas comuns (entenda-se, não interessadas nestas questões) nem suspeitam!

Naturalmente, toda a gente se apercebe de que há moedas "brancas", "amarelas" e "escuras" (ou "vermelhas", quando novas). Daí que eu tenha optado por classificar as diversas ligas por essa característica tão evidente.

Os revestimentos são hoje muito utilizados e resultam do constante esforço de redução dos custos de produção, procurando seja preservar o aspecto tradicional da moeda, seja usar exteriormente um metal mais resistente à corrosão.

Distinguem-se essencialmente duas técnicas: o revestimento electrolítico (referido em inglês como plated, que designarei adiante, por exemplo, como cobre niquelado) e o revestimento mecânico (referido em inglês como clad, realizado, em geral, por laminagem, e que designarei, por exemplo, como aço revestido a níquel, ou abreviadamente, aço rev. níquel). Encontrei menção a um eventual terceiro tipo de revestimento, designado em inglês por coated, que não sei a que processo tecnológico corresponde.







Das ligas amarelas, a mais conhecida é, sem dúvida, o latão, essencialmente constituído por cobre e zinco, embora possa ter pequenas adições de outros metais para apurar certas características. Dito isto, resulta um pouco estranho aparecer uma liga referenciada nos catálogos como cupro-zinco!





Analogamente, suspeito que alumínio-bronze (ou bronze-alumínio) e bronzital sejam a mesma liga, a menos de alguma diferença de proporções. O bronzital é uma liga exclusiva da Casa da Moeda Italiana, da qual desconheço a constituição.

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